Luciana Ásper participou da IV Semana de Controle Interno, Transparência, Ouvidoria e Correição da CGDF
Promotora de Justiça e membro auxiliar da Comissão Especial de Enfrentamento à Corrupção do Conselho Nacional do Ministério Público, Luciana Ásper, declarou na IV Semana de Controle Interno, Transparência, Ouvidoria e Correição da Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF), que a prevenção primária à corrupção começa com a formação de pessoas íntegras. Ela apresentou a palestra “Estratégias para prevenção primária à corrupção”, no painel Prevenção e Combate à Corrupção: relacionamento entre estado, empresas privadas e sociedade.
“Criamos uma estratégia para identificar e formar pessoas íntegras em todos os ambientes. Não basta formar as crianças, se os adultos não mudarem suas crenças. Eles acabam contaminando as crianças. Instituímos uma rede colaborativa em que todos atuam juntos: Estado, Academia, Escola, Empresa Civil” disse.
Ela explicou que integridade vai além da pura e simples conformidade, “é maior, precisamos ser aderentes, sermos a mensagem da integridade em nossas práticas do dia a dia. Devemos observar os princípios e normas justos, mas também questionar, buscar as medidas cabíveis para corrigir aquilo que é abusivo, excessivo. Muitos simplesmente discordam de uma norma e preferem ignorá-la, comprar ou vender um atalho para ter uma aparência de legalidade. Além disso, integridade é cidadania ativa, participar da construção da sua cidade e nação a partir da participação e controle social”.
Para Luciana, a cultura de integridade se constrói em todos os ambientes e é preciso formar futuras gerações íntegras, além de impactar a geração atual. “Queremos ver as empresas e o poder público restaurados, fazendo a integridade a começar de hoje. A partir de pessoas, a gente tem as instituições que a gente deseja”, ponderou.
Brasil X Combate à corrupção
A promotora respondeu que a Lava Jato é a referência do Ministério Público. Destacou que a Transparência Internacional também é referência, promovendo um avanço na questão da exportação da corrupção, justamente pela atuação no caso da Lava Jato. “Hoje há um combate à corrupção globalizado, diferentemente do que aconteceu na Itália, na Operação Mãos Limpas”, esclareceu.
Luciana Ásper informou que existem mais de mil cooperações internacionais envolvidas nessa missão e com a intensificação dos tratados internacionais, o modelo de impunidade tende a ser cada vez mais combatido internacionalmente.
Segundo ela, o Brasil está recebendo um recado da Transparência Internacional e de vários outros órgãos. “Os investidores que trazem os recursos para o país não aceitam mais que eles sejam desviados, saqueados. Há necessidade de mudança. A corrupção está sistêmica e endêmica no Brasil, precisa ser contida, precisa ser combatida”, enfatizou.
Que país queremos ter?
Ela ainda levantou, na palestra, o questionamento de que país nós queremos ter? “O impacto da corrupção no país reflete no setor produtivo, na educação e em tantos outros. Uma nação melhor, com resultados melhores para a sociedade, depende de uma governança ética e comprometida, de gestão de riscos, de controles interno e externo e de controle social”, apontou.
A promotora destacou que combater a corrupção é missão do Ministério Público, da justiça, e de todos. “Não há como se investir num país corrupto. Isso afeta toda a nossa vida. Tudo tem a ver com emprego, educação, saúde, oportunidade, segurança. Temos que investir na integridade, é o único caminho para construção de uma nação que não pode ruir novamente”, afirmou.
Luciana Ásper acredita que a conquista de um país melhor começa por uma campanha mostrando como é bom e como é importante fazer o certo, para conquistar a nação que se quer ter, sem a cultura da exploração. “Depois disso se experimentará a alegria de ser íntegro, o bem estar que isso gera.”
Também ressaltou que o Ministério Público prioriza o que a sociedade quer e espera, como novas medidas anticorrupção, o desenvolvendo de tecnologias e análise de dados, além da busca por um trabalho mais assertivo. “Um dos alvos do MP é o gestor municipal, que precisa estar preparado, ter controles internos fortes e boas estruturas para tratar com o empresário, evitando assim a corrupção”, realçou.
A IV Semana de Controle Interno, Transparência, Ouvidoria e Correição foi promovida nesta semana pela CGDF, em parceria com a Escola de Governo do Distrito Federal (Egov) e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap).