O estudo foi apresentado por Guilherme Donegá na IV Semana de Controle Interno, Transparência, Ouvidoria e Correição
O autor do estudo “Integridade de Empresas no Brasil”, Guilherme Donegá, revelou durante a IV Semana de Controle Interno, Transparência, Ouvidoria e Correição, em Brasília (DF), que 74% das empresas brasileiras divulgam suas políticas de integridade e combate à corrupção. Ele participou, nesta terça-feira (14/05), do painel Prevenção e Combate à Corrupção: relacionamento entre Estado, empresas privadas e sociedade.
“É importante que exista monitoramento externo das práticas de integridade de empresas pela sociedade, mas hoje a gente ainda acredita que a sociedade civil prioriza muito mais a corrupção no setor público do que no setor privado. Olhamos muito mais o corrupto do que o corruptor, mas a verdade é que o corrupto só existe porque existe o corruptor”, ressaltou.
O estudo foi feito em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Um dos pontos analisados foi se as empresas estão adotando voluntariamente práticas de integridade, para garantir que suas ações comerciais sejam voltadas por princípios éticos. Um dos quesitos nessa área foi a transparência de suas informações financeiras e societárias. Para Donegá, abrindo dados corporativos e de governo há um maior incentivo do controle social.
“Por isso, acreditamos que as empresas devem publicar o maior nível de informações possíveis sobre suas atividades, especificamente informações financeiras e informações societárias”, disse.
Para isso, informou ele, foi realizado outro estudo, chamado de Transparência em Relatórios Corporativos. “Os resultados foram: 74% das empresas brasileiras, nesse roll estão as 100 maiores empresas do Brasil, divulgam suas políticas de compliance e compromisso contra corrupção. Além disso, 58% divulgam suas informações societárias e 3% divulgam informações financeiras”, destacou.
Donegá afirmou que as grandes empresas vêm adotando boas políticas de integridade, mas ainda falta foco na implementação das práticas, para que se tornem realidade no dia a dia dos funcionários da corporação. “Aí existe ainda um gap”, analisou.
Para ilustrar o quanto as empresas ainda podem melhorar na adoção de práticas de integridade, ele apresentou dados do programa Pró- Ética da Controladoria-Geral da União (CGU). “Das 475 empresas que solicitaram certificação da CGU, acreditando que seus programas eram adequados, só 23 foram aprovadas. Então temos um caminho profundo a se seguir no setor empresarial”, disse.
O estudo aborda ainda até que ponto o setor público e o estado estão adotando medidas adequadas para evitar e combater a corrupção no setor empresarial, e se a sociedade civil está interessada em cobrar práticas de integridade e combate à corrupção nas empresas.
Legislação
O autor do estudo ressaltou no painel que a legislação de combate à corrupção avançou muito nos últimos anos no Brasil, mas é preciso melhorar a aplicação dessa legislação. “A legislação que proíbe empresas de subornarem funcionários públicos é muito boa, assim como a que proíbe a lavagem de dinheiro, que é baseada nas melhores práticas internacionais. Mas ainda existem alguns aspectos para avançar na aplicação dessa legislação. A Lava Jato claramente se mostrou um ponto fora da curva, mas pra além do nível federal, nós temos um esforço muito grande a ser feito pelos Ministérios Públicos estaduais, para se combater a corrupção nos níveis dos estados e municípios”, alertou.
Dentro da temática de auditoria e certificação, Donegás afirmou que na auditoria externa existe uma legislação adequada, alinhada aos melhores padrões internacionais, mas que no monitoramento interno é preciso avançar. “As grandes empresas possuem sim, em muitos casos, uma equipe de auditoria. Em alguns casos, não tão comuns, possuem também um Comitê de Auditoria, como requerido pela Comissão de Valores Mobiliários, mas ainda precisamos melhorar”, observou.
Por fim, salientou que considera como um aspecto relevante dentro da melhoria de práticas de integridade de empresas o envolvimento do Conselho de Administração. “Ele é o supervisor de todas as práticas empresarias daquela corporação. E é importante que ele se responsabilize por implementar essas práticas de compliance e não exclusivamente tomar medidas para prevenir uma responsabilização individual daquele conselheiro”, finalizou.
A IV Semana de Controle Interno, Transparência, Ouvidoria e Correição é promovida pela Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF) em parceria com a Escola de Governo do Distrito Federal (Egov) e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap). As palestras continuam nessa quarta-feira (15) e estão sendo transmitidas ao vivo pelo canal da CGDF no You Tube: https://www.youtube.com/channel/UC91dBaEGtoXAzVNpJUJ9HQQ.